Três planos de ódio

by Jefferson Carvalhaes

Chamas dilaceram um corpo embriagado e rasgam em frias fatias minha vida
Todos são punidos com o mesmo torpor
A mesma gargalhada
Ter um palmo e reunir pessoas indecentes
Prestar oferendas sem ter de se submeter é um serviço decente
Não vou apagar estas costelas empenhadas em praticar o ódio,
Vou apenas dar risadas de pessoas comuns e jogar baralho numa mesa de bilhar
Quero comprar atividades anônimas
Restaurar capacidades
Mudar de planos um engano,
Morrer de morte morrida.

Vou planejar guerras
E fiapos de sóis decadentes,
Vou matar energúmenos
E diabos incandescentes.

É uma auréola oca
E integral,
Larga, escura e esfarelada
Não têm sorte ou sofrimento, apenas tons de nostalgia.

É auréola, é opaca
Despida, desigual.

Minhas veias rastreiam outras portarias
Iludem uma compra maldita.

Auréola tão ácida e esférica
Quero morrer em ambiente
E viver em monotonia
Essa puta de auréola
Puta e maldita
Sequer serve para lavar a bunda.

Um traçando passageiras inocentes
Outro fodendo universitárias indecentes,
Cuspindo uma vesícula,
E pedras nos rins – pobres babacas –
Rasgando seus ânus de enxugar filhuscas horrorosas
E engolir esposas tolas de quociente inferior ao de George W. Bush

Os anjos das trevas já selaram
À dizer:
“Estes me pertencem
“Nada trouxeram a este mundo cheio de encáustica
“Almas cozidas irei varrer daqui
“Teus segredos santos já varreram de súbito minha paciência
“Matarei vossos descendentes e enterrarei vossas almas”.

Desce estremecendo os louvores
Enverga as veias a temer uma solidariedade típica
Minha serva mexe as estrelas
Viver sob a lua,
Desejar os astros,

Mas do que serve ver a noite
Se mal posso observar o dia?
E expulsar carnes peçonhentas de fogos artificiais
Me deixa ainda mais louco
Tocar serenatas como num derradeiro show de entidades virulentas.

Balançar a cabeça como num gesto positivo
Recolher tons madrigais e esperanças serranas

Mas não,
Eu sou aquele que levanta da tumba
Arde nos dedos de serpentes e varíolas.

Eu sou aquele que despenca dos portais
E foge aos meandros da incapacidade.

Minha vida foi dividida em três partes:
Nascimento,
Juventude,
E Morte.

Quero ser mais, porém estas adagas e estes martelos em nada me fortalecem
Gosto das serenatas
Dos remédios
Que quando jogados mantêm um par de círculos vulgares voltados para o norte.

O verão estúpido em que me embriaguei
Pessoas mortas
Cadáveres desvelados estão circulando a minha volta
Ouçam o ruído de Cronos se arrastando das galáxias
E Atenas suspirando pelos matagais
Estes foram meus sósias, estas foram minhas enxadas
Vou enterrar meus amigos
E prezar mais meus inimigos
A estes eu confio, mas apenas por vezes merecem minha paz
Quero nadar em euforia e alastrar o casamento, foder nas padarias de domingo;
Prestar serviço aos marxistas, e ser ao mesmo tempo socialista,
Não vou ser soldado de ferro nem mesmo um impostor incapacitado
Mas se ouvirem os gemidos integrais serei o mais literal possível.

O que foi aquilo que pulou e atirou nas sombras?
O que foram aquelas feridas presas nos cálices?

Não duvido de ser atordoado
E mentir sobre as formas materialistas me faria pular sobre trilhos padronizados, daqueles bem tortos e suados
Como é difícil sobreviver a esta solicitude
E me seja vindo um fato consumado
De vingar filisteus e judeus
Minha corporação é a mesma paz, vida determinada.

Encurtando uma pequena deformação a ser transferida
Calcificando todo olor ascendente
Minhas tulipas transparentes se sacodem como longas baforadas
Sou um simples beatnki de longas andanças e pés diversos
Possuo apenas duas baforadas
Ao ver Odin não neguei que aquilo se assemelhava a qualquer distração
Era um tipo de profeta e falta de religião
Minhas veias, oh minhas veias
Saíam como tabernáculos atrozes e destruam esta espingarda.

Loki! Loki! Loki!
Aleluia e suas anciãs

Loki! Loki! Loki!
Arranhacéus e desesperanças

Quando vejo os amigos
Que traí durante aqueles tempos de merdanças me ajoelho ante a Finnegans Wake e vejo a desgraça
Tamanha incompetência me alarma
Trocar de posição me condenou a caminhar
Desvendar as aventuras de uma vida é como trair a si mesmo
E eu o fiz na passagem do verbo novo
Tentei utilizá-lo sem ninguém me ouvir,
Já cansado e consumado eu nada fiz
Deixei o tempo passar.

Estádio de luz radiante
Como o tridente de Poseidon
Tu fizeste homens de carne fresca...
Apenas tu...
Ouvi que meu sustento é decolar
Pois caneta bic não tem endereço, sucesso ou qualquer dinheiro
Dizem mamães que se tornar militar ganha 20.000 por mês
Mas filho de doutora tem caveira tatuada no braço direito
E este, principalmente, possui amigos filiados.

A saída de uma empresa ao império do besteirol como fonte de desterro
Funciona periodicamente
Acertando minhas articulações
Sou deturpado
Sou reprovado
E nitidamente livre de prazeres.




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ABOUT THE POET ~
Jefferson Carvalhaes nasceu no Rio de Janeiro em junho de 1992. Poeta dês da tenra infância, despertara interesse extremamente precoce por mestres como Charles Baudelaire e Jean-Paul Sartre com apenas 6 anos de idade. Aos 10 já era capaz de ler com facilidade Dante Alighieri. Aos onze ganhara o primeiro prêmio de literatura o Marcos Rey, terceiro lugar e Medalha Castro Alves. Apesar de não ter se contentado. Aos 12 publica em edição independente o livro Sofrimentos Poéticos e ganha menção honrosa num concurso em São Paulo. Aos 15 participa do concurso Castelo Di Duino, mas não lhe dão o devido valor. No mesmo ano ganha o III Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus logo depois o IV Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, em seguida é convidado a fazer parte da Sociedade Poetas Del Mundo. Conhece um pequeno grupo de poetas chamados de Os Sete Novos, e torna-se seguidor de T.S. Eliot, Ezra Pound e Virginia Woolf., Já no final de 2008 publica alguns poemas na revista virtual Caderno Literário, abandonando a filosofia do irracionalismo de Arthur Rimbaud, já com 8 livros de poesia e 1 de filosofia, porém sem nada publicar, considerando-se com isso um escritor recluso e decadente se baseia em Oscar Wilde, escrevendo com isso versos extremamente tristes e melancólicos, com marcas de James Joyce e o próprio Franz Kafka. Nesse mesmo ano o escritor consegue realizar um grande desejo: expor seus quadros., Ele se converte na fé adventista e se torna protestante como busca para salvar-se, o que o ajudou., Desanimado por não conseguir publicar sua tão sonhada Grande Obra, o autor decidiu parar de escrever. Ele ficou 6 meses sem escrever uma única palavra, em sólido confinamento até mesmo nas artes plásticas; no entanto em seguida escreve sua obra-prima: A Estrada; um longo poema fictício que retrata uma vida de “desregramento de todos os sentidos”, como sugeria Arthur Rimbaud, conta a história de um poeta, um visionário, um vidente, que passa apenas em vão pelas ruas, observando à escória da pobreza e o torpor mental que aflige a população, e sem alternativas ele se mata como solução de sua fé., Jefferson tornou-se um grande escritor. Hoje o autor vive recluso.


Last updated September 17, 2011