by Jefferson Carvalhaes
Meu cão de guarda manso
Pulando nos matagais de enxaqueca
Minhas amantes desfiguradas e sem âmago pela vontade de ver aquele velho trepidando entre muletas
Já bebi conhaque nas laterais de várias histórias
“Não me importo com o homem puto que já fui”, diz o velho de cajado nas mãos,
“Paguei dívidas”
“Quero viver na podridão e estripar os foragidos”
Vou abrir as portas
“Matar”
Matar
“Pois eu vi gente pedindo vinte e cinco cents na tela do Central Park,
“E o cego disse não,
“Não me importo em ser superstar
“Moro na cidade
“Venho de longe
“Isso é tudo.
“Vou cuspir na cara desses lavradores que me castigam pelos malditos bombeiros”
Eu sou o que sou tenho uma forca no pescoço e sei prender esses imundos que colam minhas veias
Sou soberbo e navego embriagado, carrego as imundícies desses pederastas em canto aberto
Não acredito em Hitler ou Maomé,
Torço apenas pra UFC.
“Sou desses tempos, tempos noturnos, tempos sagrados, tempos modernos
“E não irei me submeter”.
Quero ver raios nobres, de gente saudável, gente decente
Pastilhas findas do entardecer, pois do Kaddish li apenas sete rimas que invocaram meu saber.
“Já de tarde tenho finas temporadas
“Dando de comer a mendigos cegos e inúteis,
“De luzes espaciais à estradas passageiras
“Como reviver os tempos em que as reticências não valiam pra nada”.
Deixar episódios foderem para não ver um capítulo suado de perversa desigualdade anfitriã?
Hum, palhaço.
“Minha passagem pelo mundo é fria
“Meus pecados são todos frescos
“Onde estará oh alma do amanhã?
“Beijar o chão que todos já passaram”.
Não agüento sofrer por não procurar as veias
Vou sacrificar-me
E logo na inutilidade de ser serei um glorioso ser
De aplicar desterros e fachadas negras.
“Mordi as mulheres atiradas ao inferno
“O franco matador,
“Em sua
“Incompetência me saudou
“Arrancando
“A saliva”.
Dicção perfeita
Obteve quando foi sujeito as falcatruas?
“Vou me trancar
“Esconder-me
“Que Salman Rushdie salte de poliéster de sua tumba”
Pombo morto é justo ser
Elevar os testes de apoteose
Acoplar fuligens e manchas que ninguém vê
Como baionetas ou mesmo apoteoses,
E por enquanto só, durante uma sessão.
Duas jamais.
“Mas tenho mais a dizer
“Anjos meus roubei no fio condutor
“Espingardas de aço estourando meus miolos
“Batendo em asteróides pois não tenho vigor
“Desmascarando centelhas compactas e finas como isopor
“Demonstrar sem ser agredido
“Ferir costas que ralam do meio da esfera que eu mesmo cuspi
“Naufragar e descobrir ser um nada”.
Quero desvendar as experiências de todos
Não vou colher respostas sem viver na avareza,
Quero a doença, a loucura e a virilidade
Sem elas não sei lidar com a certeza.
Last updated September 17, 2011