Canção para ninar crocodilo

O meu pranto

Agulha

Foi teu manto

Ou guia



Lua fora da lei

E da linha – o fim



É fim da linha



O meu pranto

Desértico

É rua e rosna atravessado

Como uma puta

Astuta

Irmã da escuridão

Em morte pré-matura



Dura, mas sofre um bocado



O meu pranto

É vala

E estoura

A boca torta

Do silêncio mudo que cala

Covarde



Invade, invade e evade...



O meu pranto

É donativo seu



Avante, tortura!

Luva, caindo como

Uma pena

Sobre a minha surdez



Caridoso destempero

Em podre ternura



É donativo seu

Também a candura



Avante, tortura!

Pior tontura

É a loucura de amanhecer

Pendurado em seu

Guarda-sol

From: 
Salvador - Bahia - Brasil




Bernardo A. de Almeida's picture

ABOUT THE POET ~
Bernardo A. de Almeida nasceu em Salvador (BA), no ano de 1981. Passou a infância em Recife, mudando-se para São Paulo na década de 1990. Em 2001, retornou à cidade natal, onde vive até o momento. É poeta, fotógrafo digital [desenvolve imagens artísticas sob o conceito da hibridez], escritor de contos, roteiros e tiras, compositor e livre pensador. Mantém o site www.bernardoalmeida.jor.br, no qual expõe poesias, reflexões e imagens híbridas. Obras literárias: Achados e Perdidos/Crimes Noturnos (poesia); Acorde Violento (conto - 2005); Labirinto de espelhos (Antologia poética - 2007); Como vencer a pobreza e a desigualdade social (Artigos - UNESCO 2007); Caderno Literário Impresso (Antologia Poética - 2008); O Imaginário do Mar e do Navegador (Antologia Poética BR/PT - 2009), Antologia Poética (Editora Corpos – Portugal / 2011), Antologia Poética Sangue Novo (Editora Escrituras / 2011), LONA (Editora Vento Leste / 2011) entre outros. Tem poesias traduzidas e publicadas na França e Croácia.

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Last updated May 24, 2012